Vida… de Mulher

Mais um dia 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Programas de TV, revistas, jornais – a imprensa em geral, além dos eventos especiais trata da evolução da mulher na sociedade, no mercado de trabalho e na educação. Neste dia as mulheres são enaltecidas, chegam ao patamar de deusas e o histórico de grandes feitos femininos desfila em discursos bem montados, vídeos cheios de emoção. E depois? Depois a vida volta ao normal.

Uma conhecida minha, por exemplo, tem uma vida cheia de horários. Três filhos, cada um sai para trabalhar num horário que começa às 6 da manhã. Ela faz o café e leva o primeiro até o metrô. Volta para casa. Coloca a roupa na máquina de lavar, leva o cão para passear e dá ração a ele. Prepara o segundo para ir ao trabalho, às sete. Leva ao metrô. De volta pra casa, trata do outro, que leva ao metrô às 7h30. De novo em casa, pendura a roupa que a máquina lavou, toma um banho, vai à pé para a casa de sua mãe que a leva ao metrô. Só ai ela sai para trabalhar… Leva com ela a conta de luz da tia que precisa ser paga no banco, a receita de remédio da mãe, cujo produto é encontrado no centro da cidade, além de outros favores que ela se incumbe de providenciar. À noite, de volta para casa, as atividades continuam. Enquanto assiste a novela, passa a roupa que secou durante o dia, providencia uma ou outra coisa para casa enquanto espera os mesmos filhos que saíram de manhã, ligar para que ela vá buscá-los na faculdade – cada um em uma faculdade, claro. Esqueci de dizer, ela é casada. O que faz o marido? Além de trabalhar, cuida do almoço e jantar da garotada, cada um num horário diferente. Nos finais de semana divide seu tempo entre os afazeres da casa e os compromissos de seus filhos, além de visitar a família e… ah! É claro! Cuidar um pouco dela e do seu relacionamento com o marido, quando dá tempo.

Conheço outros tantos exemplos, a que mora numa cidade próxima a São Paulo e trabalha no centro da capital, tem quatro filhos, um temporão, cuida ainda de uma sobrinha pequena e se diverte em meio a essa conturbada história. Tem a mãe solteira, a divorciada, tem até a que não é mãe, mas assumiu os filhos do marido. E por ai vai… São os 3 turnos da mulher que ela cumpre sem nem perceber! Converso com essas mulheres e elas riem quando descrevo suas rotinas, porque elas não têm a percepção da correria quase impossível de ser cumprida.

Essas mulheres – maravilhosas – ainda vivem carregando uma culpa tremenda! Querem fazer mais. Culpam-se por não estar no dito “peso ideal”, pelo cabelo estar um pouco sem brilho e pela ruga que apareceu… E os filhos? ‘Ah! Coitadinhos, nem faço nada para eles…’ E o marido? ‘Não consigo dar a atenção que ele merece…’ É assim que elas falam.

Exagero? Converse com qualquer mulher e eu duvido que a história não seja muito parecida: três turnos alucinantes, correria e – culpa!

Pára!!!!! Nesse mês de março a homenagem bem que poderia ser diferente – dia internacional de a mulher abandonar sua culpa (do que ninguém sabe). Isso mesmo. Sabe o que um dia sem culpa poderá significar para a mulher? Rugas e quilos a menos, mais brilho nos cabelos – e nos olhos, mais sorriso no rosto e uma leveza que vai conquistar o mundo.

Quer saber? Mulher dos três turnos – você é incrível. Livre-se da culpa e viva feliz, porque você merece.

Feliz dia sem culpa e com muita alegria.

* Ellen Dastry é jornalista, radialista e pós graduada em comunicação e marketing, palestrante e autora dos livros “Histórias que podem mudar sua vida” e “Nós, Mulheres do Futebol”. Contato:  ellendastry@terra.com.br

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